quinta-feira, 17 de abril de 2014

A despedida de um encontro

É de manhã. O sol entra com toda a sua confiança por entre as cortinas, totalmente abertas,  da janela. A janela. A única fonte de luz no quarto. O quarto. Perdido na imensidão da velha casa. A velha casa. Velha e antiquada, serve de refúgio ao amor proibido de dois amantes perdidos. Perdidos no tempo dos tempos, a eternidade.
Passo a mão pelos móveis, sinto o pó. Um pó imenso. As memórias voltam em catadupa. A minha mente transforma-se num frenesim de imagens, sons, sensações. Volto atrás no tempo.
Quanto tempo terá passado?
Décadas.
Décadas de tristeza, de desculpas perdidas, de sonhos dispersos pelos tempos, de mágoas. Tantas mágoas... Sim, nunca te consegui perdoar. Porque me deixaste? Porque não confiaste? Porque não me deixaste te amar até ao fim? Porque desististe? Parece que a minha cabeça se alinhou nos porquês agora ... Porque preferiste morrer na guerra longe de mim, sozinho? Porque não escolheste morrer nos meus braços?
Imagino-te sozinho, com o vazio e a escuridão a aproximarem-se, desta vez, de verdade, para todos os tempos .
Lágrimas. Choro? Passaram-se décadas e ainda choro. Era um amor verdadeiro. O meu verdadeiro amor. Tu eras e sempre serás o meu verdadeiro amor.
Ele sabe disso. Ele lê-o nos meus olhos, na minha expressão.
E. E mesmo assim, ele continua ao meu lado. Como sempre. Agora é a vez, mais uma, de não me conseguir perdoar. Devo-lhe tanto e, depois de tantos anos, nunca me consegui entregar completamente, verdadeiramente. Não da forma como me entreguei a ti.
Percorro o quarto até janela. Desta consigo ver os campos verdes e brancos, cobertos por malmequeres. Tal como da última vez. Olha para baixo e vejo-o. À minha espera ao lado da carrinha. Sempre à minha espera.
Mais uma vez não tenho coragem de ir à tua campa. Uma campa sem corpo, debaixo de um sobreiro. Parece um sonho, não parece? Todos os anos, esta hora parece um sonho. Na verdade, é um ritual. Um ritual para que voltes para mim. Desço as escadas, outrora esplendorosas, e lembro-me da primeira vez que te vi, do alto da escadas.
Olho em volta e lembro-me do salão nesse dia, mesas pomposamente recheadas de comidas exuberantes e doces lasciviosos. Uma banda tocava um delicioso jazz. Toda gente falava com toda gente.
E foi assim, nesta imensidão de sons, sensações e ideias que te dirigiste a mim e me convidaste para dançar. Para dançar numa pista vazia e imaginária. Dançámos, dançámos toda a noite.
Saio pela porta principal e, as recordações continuam a inundar-me.
No fim, conduziste-me até ao sobreiro, disseste-me o teu nome e roubaste-me um beijo.
E assim, a minha vida começou.
Parto outra vez e, como sempre não olho para trás. 
Para o ano voltarei. Voltarei até ao fim dos meus dias.

sábado, 11 de janeiro de 2014

doubts ...

Qual é o meu lugar neste mundo ? Quem é que sou exactamente ? Sou aquilo que quero ser ? Estou a deixar-me levar pela corrente, apesar de repetir vezes sem conta a mim própria para não o fazer ? Sou apenas demasiado exigente comigo própria ? Será esta apenas uma desculpa ? Porque é que quero ser sempre aceite ? Porque é que sou tão preguiçosa ? Será que sei qual é o meu caminho ? Se sei, porque o ignoro ? Porque é que não consigo fazer nada para além de esperar ? Porque é que me sinto tão cansada ? Estarei realmente cansada ? Será mais outra desculpa ? Sou desinteressante ? Porque é que não consigo ser minimamente marcante na vida dos outros ? A culpa é minha ? É dos outros ? Retraio-me ? Sou simplesmente aborrecida ? Porque é que parece que desisti de ser quem gostava de ser ? Terei desistido ? Porquê, porquê, PORQUÊ ? Será tudo isto apenas cansaço ? Desorganização ? Preguiça ? Dúvidas e mais dúvidas ... O que há de errado comigo ?

In the end, am I good enough ?

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Um dia, talvez um dia ...

FARTA ! Esta palavra tem pertencido ao meu dicionário frequentemente nos últimos tempos .
Serei má pessoa ? Ou simplesmente desinteressante ?
Não sei, provavelmente sou as duas coisas . Sei que aparentemente sou facilmente esquecível . Hoje está a ser um dia mau .
Esqueceram-se de mim, mais uma vez senti que não era ninguém e que não valia nada . É normal ? Mesmo estando extremamente carente, penso que não .
Bem, parece que há algo extremamente de errado comigo .
O cansaço pesa, mas sei que não é apenas o cansaço, tristemente .
Um dia, talvez um dia ... Acho que mereço mais, qualquer pessoa merece mais .
A bebida entorpece-me, mas não torna nenhuma destas sensações irreais, infelizmente .
Um dia, talvez um dia... as coisas mudem .

Talvez o vazio desapareça .

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Questões

Cansaço . Ela sentia um enorme cansaço . Estava cansada de ser forte, estava cansada de se sentir insignificante . Precisava de alguém, estava na altura . 
Estava sozinha à demasiados anos, mas porque seria isso ? Porque é que ainda estava sozinha ? Será que, no fundo, a culpa era dela, totalmente dela ? Será que se protegia demasiado ? Será que simplesmente não era interessante o suficiente ? Será que não era atraente o suficiente ? Será ...
Questões . Tantas eram as questões que invadiam a sua mente ... Já não era a primeira vez que estas perguntas surgiam . A verdade é que elas viviam com ela à alguns anos .
Mas ela já estava farta . Farta de estar sozinha, de pensar que a culpa era somente sua . 
Foi até à janela . Uma subtil brisa acarinhou-lhe os cabelos . A mudança estava a chegar e ela estava pronta para a receber, mas, desta vez as coisas seriam diferentes .

sábado, 9 de março de 2013

Algo para me lembrar ...

"O que as outras pessoas pensam de ti, não te diz respeito ."

"Não te leves tão a sério, mais ninguém o faz ."

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Prólogo

Ela levantou-se, sentido o sol aquecer a sua pele, e dirigiu-se para a enorme janela que iluminava o seu quarto . Já era tarde, apesar de serem apenas onze da manhã . Não estava habituada a acordar tão tarde e, muito menos ao facto de se encontrar desempregada . Demitira-se no dia anterior . Metade do tempo em que ficara acordada até tarde estivera a pensar em tudo o que acontecera nesse dia, principalmente, na terrível verdade que a levou a demitir-se . Era infeliz, profundamente infeliz . O trabalho já não a satisfazia há muito tempo, assim como o relacionamento com John que chegara ao seu ponto de ruptura na semana passada . Também tentara pensar em qual seria o seu próximo passo, mas a sua mente encontrava-se completamente apática em relação a isto . Era a primeira vez que tal acontecia, por isso percebeu que a situação era séria . Não sabia o que fazer e isso a assustava, e, para ela, o medo não era uma opção neste momento . Já há bastante tempo que reprimia o receio que sentia do que quer que fosse, mas desta vez, o máximo que conseguia era controlar-se o suficiente para não ser dominada por este completamente . Tinha de continuar a ser fria, como aprendera a ser ao longo dos últimos anos, e elaborar um plano . Não ter um rumo, uma direcção a seguir era o que mais a angustiava, mas neste momento a sua mente continuava em branco cada vez que pensava no futuro, por isso voltou para a cama, adormecendo rapidamente devido ao cansaço .

terça-feira, 29 de maio de 2012

Truth

"Weakness of attitude becomes weakness of character."
Einstein